8 de agosto de 2009

8 da noite, metro V

Eu saio na última paragem do V, que não vai a Brooklyn como todos os outros mas acaba em Manhattan. Por isso quando vem, está sempre quase vazio. Excepto, claro, no que toca a personagens. Eu entro e está uma jovem com umas calças pretas e um top de fato de banho sentada à minha frente. Ao meu lado, um homem que poderia ser qualquer dos meus amigos metaleiros daqui a 20 anos, cabeleira e barbicha, magro como um cão, vestido à grunge. Há 5 anos, podia ser como eu dali a 25, se eu fosse louro. A seguir entra outro homem, alto e de meia idade, calças de ganga, sapato e blazer, e tatuado desde as mãos até pelo menos metade da cara, e com ar de ódio à humanidade. Ao mesmo tempo uma anã gótica, calças de cabedal e maquilhagem branca à prova de bala
Vamos os 5 em silêncio até à 2ª avenida. Quando saímos, a primeira jovem levanta-se, e revela-se: não estava de calças, não. A fatiota consistia em cueca e soutien e saltos altos. Tudo embrulhado numa tela preta, opaca só mesmo até aos limites mais liberais da decência. Pelo menos servia-lhe.

2 comentários:

carla guerra disse...

então??mais histórias de NY ??? tens andado parado!!! o pessoal pode não ir deixando comments, mas o blog tem audiência, não te preocupes! Espero que esteja tudo bem contigo!

tiago disse...

Falta aqui, evidentemente, a descrição da tua própria personagem, mas esta pérola ("há 5 anos, podia ser como eu dali a 25, se eu fosse louro") compensa.
Será por já não poderes ser, daqui a 20 anos, como poderias ter sido há 5 anos dali a 25 que não fazes essa descrição...?
Bem, deixa-me voltar ao projecto...
Abraço!